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A ciência ainda não encontrou a cura para as alergias alimentares



Por mais que boa parte das alergias alimentares surja e seja superada durante a infância, uma parte considerável afeta diretamente os adultos. Estima-se que as alergias alimentares afetem 6% das crianças e 3,5% dos adultos. No entanto, as ferramentas de tratamento disponíveis hoje são capazes de proporcionar ao alérgico uma tranquilidade maior, garantindo que ele possa consumir o alimento que lhe faz passar mal desde que seja em pequena quantidade.


Não há dados sobre a prevalência das alergias mais comuns em adultos, mas os especialistas apontam que a maioria das reações são ocasionadas por diversos tipos de frutos do mar e alimentos oleaginosos, como nozes, castanhas e amêndoas. Nas crianças, há um número maior de alimentos potencialmente alergênicos, o que inclui o leite, o ovo e o trigo. E por mais que a maioria surja na infância, novas alergias podem se manifestar a qualquer momento. É muito comum, por exemplo, pessoas que comeram camarão ou castanha-do-Pará durante a vida toda e, de repente, passarem a ter complicações.


Muitas alergias alimentares são superadas de forma espontânea. Contudo, ainda não há uma forma de garantir por meio da clínica a cura do paciente. O tratamento principal e mais tradicional consiste em identificar o alimento alergênico e educar a pessoa a não consumi-lo, especialmente quando ele pode ser apresentado sob formas de difícil identificação, junto com outros ou como parte de um produto industrializado. São os chamados antígenos ocultos.


Um novo método, porém, permite que o alérgico não passe mal ao consumir pequenas quantidades do alimento alergênico. Trata-se da imunoterapia oral para dessensibilização ao alimento, por meio da administração de vacinas que incluem o alérgeno diluído em pequenas quantidades. Conforme vão sendo administradas as doses, a concentração do alérgeno vai aumentando e, com ela, a tolerância do indivíduo àquele alimento. Dessa forma, eventuais reações passam, gradativamente, a ser menos intensas.

A estratégia, que tem sido desenvolvida ao longo dos últimos 15 anos, promove a tolerância ao alimento e é destinada somente às formas graves de alergia, e apenas a alimentos universalmente presentes, que sejam difíceis de se evitar. Se um adulto alérgico a nozes está fazendo imunoterapia e come, por engano, um alimento que leva nozes, ele não terá mais reações intensas. É um tratamento que possibilita que o paciente consuma, por exemplo, até quatro castanhas. É pouco para ele fazer uma refeição, mas é o suficiente para que não passe tão mal, podendo ter um choque anafilático por engano.


A terapia leva meses e obriga que o paciente continue ingerindo o alimento após o seu encerramento para mantê-lo inibido pelo sistema imunológico. O acesso a ela ainda é difícil no país. O método não é coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apenas algumas universidades, como a Universidade de São Paulo, por meio do Hospital das Clínicas, e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, por meio do Hospital Pedro Ernesto, o promovem gratuitamente.

Sem consenso

As causas por trás das alergias alimentares ainda não foram claramente compreendidas pela ciência, assim como as formas de prevenção, por mais que se trate de um tema pesquisado com ênfase e algumas hipóteses tenham sido consideradas nos últimos anos. Sabe-se que o aleitamento materno é importante para evitá-las, mas nada além disso. Há muitos grupos que apontam os antibióticos como vilões, uma vez que causam o desequilíbrio da microbiota, podendo deixar o organismo mais suscetível. Outros indicam que a introdução de alimentos alergênicos na alimentação de bebês pode ser benéfica. Contudo, não se chegou a um consenso.


Também não há certeza de que mudar os hábitos alimentares seja uma forma de prevenção. O que há de concreto é que temos um aumento no número de casos de alergias, ao mesmo tempo que temos um crescimento do consumo de alimentos industrializados. No entanto, ainda não dá para afirmar que esses dois índices caminham juntos.


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