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Frigoríficos testam procedimentos de modernização do abate



Durante três semanas, frigoríficos de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul que abatem frangos de corte atuaram como pilotos para validar procedimentos de modernização do Sistema de Inspeção Federal (SIF). Os testes fazem parte da etapa final do projeto que visa a atualização do SIF para identificação e controle mais eficazes de riscos de contaminação da carne por microrganismos na avicultura industrial.


Entre as mudanças estão a participação proativa da garantia da qualidade das empresas na identificação e controle dos riscos para a saúde do consumidor que contará com um médico veterinário responsável, mediante supervisão dos auditores fiscais federais agropecuários (AFFA). Além disso, estão previstas as ações dos AFFA mediante auditorias no abate e de avaliações microbiológicas que medem a eficiência da higiene nesse processo.


O trabalho é coordenado pela Embrapa Suínos e Aves (SC) e pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a colaboração de especialistas de universidades públicas. O primeiro piloto se iniciou, na última semana de setembro, em Lajeado (RS). Os testes se encerraram no dia 15 de outubro e foram acompanhados por especialistas da Embrapa, do Dipoa e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


Para que os procedimentos possam ser institucionalizados pelo Mapa, a validação precisa ser feita por meio de testes-piloto, momento em que os procedimentos são avaliados pelos frigoríficos e ajustados, caso haja a necessidade. No atual sistema de inspeção, ela é realizada principalmente de forma visual, observando-se lesões na carcaça e órgãos das aves.


Na inspeção moderna, preconizada pela coletânea internacional de padrões Codex Alimentarius, a inspeção deve ser baseada em uma análise de risco e na avaliação dos perigos microbiológicos, como Salmonella e Campylobacter, entre outros microrganismos que, em geral, não deixam lesões visuais na carcaça. Isso não quer dizer que lesões inflamatórias, por exemplo, não serão mais removidas, mas que elas serão removidas pela garantia da qualidade e o processo será auditado pelo serviço oficial.


Ao validar os procedimentos nos testes-pilotos, a equipe espera auxiliar diretamente na publicação de uma norma de inspeção baseada em risco, a exemplo da Instrução Normativa de número 79, que entrou em vigor em dezembro de 2018 para frigoríficos de abate de suínos, e teve como base científica um projeto da Embrapa e do Mapa.


Projeto

O projeto Revisão e modernização do Sistema de Inspeção Federal de abatedouros de aves está em andamento desde 2014, quando a Embrapa foi demandada pelo Dipoa/Mapa a elaborar uma proposta de modernização da inspeção que seja baseada no manejo do risco.


A proposta de inspeção desenvolvida será colocada em prática para avaliar sua eficácia com base na análise de carcaças para detecção de Salmonella spp. e Campylobacter termotolerantes. Liderado pela Embrapa e Dipoa/Mapa, o projeto tem como parceiros: a UFRGS, o Instituto Federal Catarinense – Campus Concórdia (IFC), a Universidade de São Paulo (USP) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial em Chapecó (Senai-SC).


Projeto embasa norma de condenação de carcaças por Miopatia

A equipe do projeto atuou também em outras frentes, como na elaboração de uma Nota Técnica que corrobora a inocuidade para à saúde pública das miopatias e a possibilidade de aproveitamento de graus iniciais da alteração, bem como se oferece uma forma de classificação das alterações. A nota técnica serviu de base para a um ofício-circular do Dipoa.


As miopatias são uma alteração muscular observada em frangos de corte. A condição é caracterizada por diferentes graus de degeneração e até necrose nos graus mais avançados. Elas são classificadas de acordo com suas características observadas visualmente e pela localização.


De acordo com os pesquisadores, as miopatias representavam a sétima causa de condenação de frangos de corte na indústria, de acordo com avaliação dos anos de 2012 a 2015, com 0,31% das carcaças de aves abatidas condenadas por esse motivo, equivalente a 4,32% de todas as condenações. Porém, em análise recente, entre 2016 e 2019, essa causa já representava 0,77% das carcaças de aves abatidas, ou 8,28% de todas as condenações, ou seja, a quarta causa de condenação.


A partir de estudos realizados, foi elaborada uma Nota Técnica sugerindo a condenação das carcaças, ou partes, de acordo com os graus. O descarte da carcaça ou partes dela ocorre em situação mais graves da alteração. Já, em seu grau médio, as alterações são removidas e podem ser aproveitadas em produtos industrializados. Nos graus leves podem ser liberadas para consumo “in natura”.


Antes desse Oficio-Circular 17/219, qualquer alteração perceptível que indicasse diagnóstico de miopatia na linha de inspeção condenava a parte afetada. A norma agora prevê ainda que para uma melhor eficiência dessa operação ela não será realizada pelo Serviço de Inspeção, mas delegada para o abatedouro a tarefa de classificação e a remoção, quando necessário.


Também será de responsabilidade do frigorífico o destino preconizado, mediante supervisão do Serviço de Inspeção, por não ser uma condição relacionada à saúde pública. De acordo com os pesquisadores, isso permitirá uma classificação mais eficiente e o Serviço de Inspeção focará o trabalho em alterações com maior impacto na saúde pública.


Outro apontamento desse trabalho é que essa nova classificação terá impacto na produtividade dos abatedouros, aumentando a quantidade de carne produzida com a manutenção da qualidade sanitária do produto e reduzindo as perdas. A norma é relevante por estabelecer padrões objetivos para que todo o serviço cumpra de forma padrão a classificação, evitando problemas de julgamento entre diferentes abatedouros.


Fonte: DBO

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