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Granjas gigantes investem em ovos de galinhas livres, mas setor recua



Mesmo relatando prejuízos devido aos altos custos de produção, especialmente com a ração, grandes granjas do setor de ovos no país continuam a investir na produção de ovos de galinhas livres de gaiola, os chamados “cage free” (fora de gaiola, em galpões) ou “free range” (que ficam soltas no galpão, com acesso diário a uma área externa, ao ar livre). No sistema convencional, também chamado de intensivo, as aves de postura são criadas em gaiolas com cinco a dez galinhas cada uma. Algumas granjas chegam a ter sete ou oito andares de gaiolas.


Essa aposta não tem tanto respaldo entre especialistas do setor e donos de granjas menores. Muitos produtores deixaram de lado os investimentos previstos no novo sistema nos últimos anos por causa dos seguidos meses de prejuízo. A situação do país não ajuda: houve a greve dos caminhoneiros, o aumento de insumos e a pandemia. Por isso, houve também um recuo dos produtores e, apesar de grandes redes terem anunciado compromissos futuros de só passar a comprar ovos de galinhas livres de gaiola, não se vê no Brasil um movimento em massa nessa direção.


Especialistas afirmam que há 17 meses os produtores trabalham com margens negativas, o que afasta qualquer plano de investimento. Mas houve recuo no sistema de galinhas sem gaiola e também no convencional. Durante 14 anos, o mercado cresceu 10% ao ano, mas a partir de 2020 sofreu o baque do aumento de custos da ração, que tirou muita gente da atividade. O milho, principal componente da ração, custava R$ 35 a saca e passou para R$ 100. A soja subiu 70%. Sem falar nos aumentos de energia, das vitaminas com preço em dólar e dos efeitos da guerra na Ucrânia.


Apenas 2% da produção brasileira de ovos é originada do modelo sem gaiolas. O investimento nesse sistema deve ficar concentrado mesmo nas granjas que atendem as grandes redes de supermercados. O custo é 50% mais alto, o manejo exige mais cuidados com a questão sanitária, demanda mais colaboradores e não dá para repassar o preço real ao consumidor.


Houve redução de investimentos e saída de produtores da atividade em diversos estados brasileiros. Representantes do setor afirmam que, com a crise atual, o produtor está tentando se manter ativo e qualquer tipo de investimento planejado foi suspenso para que a produção fosse mantida. O mercado de ovos de gaiola livres vai permanecer como nicho, principalmente em função dos custos que são maiores para se produzir e o consumidor brasileiro, de uma forma geral, ainda não está disposto a pagar mais por esse custo.


Produzir ovo sem gaiola pode ter um custo 30% maior, mas pode ser um caminho sem volta privilegiando o bem estar-animal, a sustentabilidade e a segurança alimentar. Por isso, apesar do contexto desfavorável de hoje, o negócio de aves livres deve crescer muito. Muitas redes de restaurantes e outras empresas assumiram compromissos de passar a comprar apenas ovos de galinhas livres a partir de determinada data. A galinha livre é mais feliz, o que garante um pequeno plus na produção. Se tiver demanda, certamente vai ter oferta e escala, mas não dá para pensar que o custo será o mesmo do ovo convencional.


Fonte: Globo Rural

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