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Jumentos em risco de extinção: abate cresce 35 vezes em 7 anos




O jumento sempre foi o maior desenvolvimentista do sertão. Ajudou o homem na lida (trabalho) diária, ajudou o homem e o Brasil se desenvolverem. Arrastou lenha, pedra, fez a feira e serviu de montaria [...] e o homem, em retribuição, o que ele lhe dá? Castigo, pancada, pau nas pernas, no lombo, no pescoço.


Os versos do cantor e compositor Luiz Gonzaga, na música Apologia ao Jumento, ilustram a importância social e cultural desse animal na história do Brasil, especialmente ao nordeste. A presença do jegue, asno ou outro nome regional para ele é tão forte no imaginário popular que um possível risco de extinção dessa espécie pode passar despercebido.


Um levantamento de dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) identificou que, nos últimos sete anos, o número de abates de jumentos saltou 3493%, em relação aos sete anos anteriores.


De 2017 a 2024, mais de 278 mil animais dessa espécie foram mortos apenas em abatedouros legais. Já de 2009 a 2016, 7.760 foram abatidos. O ano de 2016 é considerado um marco na vida dos jumentos quando, principalmente a China, seguida por Hong Kong e o Vietnã, expandiram a demanda de produtos antes acessíveis somente à elite. O eijão, que é uma gelatina extraída da pele de jumentos, tem sido o carro-chefe da indústria cosmética e farmacêutica.


No entanto, a demanda atendida, sendo terapêutica ou estética, não tem comprovação científica, enquanto os jumentos nordestinos estão na mira do mercado internacional. A carne do animal para consumo também é explorada, mas em menor escala.


Em 2019, as exportações de peles e couros de equídeos foram de 98,8 toneladas, registrando um aumento de 4.640%, em relação a 2018, segundo um estudo da USP com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). No país, vale destacar que apenas a raça do Jumento Pêga é reconhecida, não estando em risco de extinção pelo valor do animal no mercado, que varia desde R$ 5 mil a R$ 1 milhão.


Como os jumentos são apreendidos e abatidos?

De acordo com especialistas, falta fiscalização no momento da apreensão dos jumentos que são levados para abatedouros. No nordeste era comum, e tem se tornado cada vez menos, encontrar esses animais nas vias que cortam a região ou que ficam abandonados em sítios.


Justamente nesses espaços é onde ocorre a maioria das capturas. Um caminhão encosta na via e os animais são conduzidos. Há uma semana, a associação Jumentos do Brasil flagrou um veículo com cerca de dez animais aglomerados que seriam levados do Rio Grande do Norte para o estado da Bahia, em uma viagem de mais de mil quilômetros. O estado baiano é o principal abatedor do país. Desde 2021, 90% dos abates ocorreram na Bahia, o que corresponde a 156 mil vidas de jumentos perdidas.


Não há critério para a escolha do jumento que será abatido. Como não existem criadouros desse animal e o interesse é pela pele, há uma cadeia extrativista que não se importa se o jegue está em desenvolvimento, velho, magro, gordo e muito menos saudável, colocando um potencial risco de proliferação de doenças.


Fonte: SBT News

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