#Séries Pratic 50: Como os alimentos podem ajudar na prevenção do câncer?
Como vimos no post anterior, a lista de componentes “escondidos” nos alimentos não para de crescer. E seus efeitos no nosso organismo estão sendo constantemente estudados para que tenhamos um catálogo muito mais amplo de informação nutricional.
Os pesquisadores ressaltam que será fundamental o uso de inteligência artificial, especificamente machine learning — em que máquinas aprendem padrões a partir de dados históricos e criam novos modelos para análise humana ou automatizada — com o objetivo de decifrar a "matéria escura" nutricional.
Uma equipe da universidade Imperial College London, por exemplo, está focada em descobrir moléculas anticancerígenas ou outros elementos que atuem contra doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e virais. Um modelo de inteligência artificial foi abastecido com 8 mil moléculas de alimentos como uvas, chá, laranja e cenoura. Daí saíram 100 moléculas candidatas a potencial anticancerígeno.
O caso da picanha com alho
O desafio em compreender o que é exatamente uma dieta saudável vai além de entender melhor os compostos nutricionais: reside também na complexa cadeia química do nosso corpo — a influência de enzimas, do metabolismo e de processos na microbiota intestinal.
Imagine alguém que comeu uma carne temperada com alho. Moléculas de carne vermelha passam por um processo metabólico no intestino e de conversão no fígado que vira no organismo uma substância chamada N-óxido de trimetilamina ou TMAO.
Cientistas descobriram que cardíacos têm quatro vezes mais chance de morrer de qualquer causa se apresentarem altos níveis de TMAO no sangue. Se a carne é consumida com alho, a alicina presente no tempero, mencionada anteriormente, pode bloquear a produção de uma forma anterior do TMAO — a TMA. Com o problema estancado na origem, os níveis de TMAO permanecem mais baixos na corrente sanguínea.
Mas comer picanha com alho não é garantia contra infartos. Há que se considerar também as condições de temperatura da preparação e, no caso de um item com alto nível de industrialização, a influência das toxinas adicionadas nos processos de produção, conservação e acondicionamento.
E como o estudo do Imperial College London ressalta, há particularidades do organismo e do estilo de vida de cada indivíduo. Ficou curioso? Siga nossa série no próximo post!
Fonte: BBC News
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