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#Séries Pratic 50: Os padrões de alimentação e nossa saúde



Os posts anteriores destacam como uma miríade de fatores podem ser a explicação para os questionamentos feitos tanto pela comunidade científica quanto pela população em geral sobre pesquisas alimentares. Estudos sustentando, por exemplo, que "ovo é saudável", e outros concluindo, na semana seguinte, que seu consumo diário pode levar ao risco de encurtar a vida de alguém.


Na verdade, a ideia de identificar um determinado alimento associado a uma determinada doença é quase uma missão impossível. Por isso, uma linha atual de investigação na ciência nutricional é identificar padrões de alimentação que favorecem ou prejudicam a saúde. Isso porque são eles que influenciam o desenvolvimento de uma doença.


Numa relação entre alimento e doença, é muito difícil isolar um item específico, já que as pessoas não escolhem os alimentos um a um. Numa feijoada, por exemplo, você está comendo o feijão, a carne, a gordura utilizada na preparação, o alho, a cebola. Você não tem como separar uma coisa da outra. São 'clusters' de alimentos.


Professores da USP lideram um grande estudo que tem como objetivo acompanhar 200 mil pessoas no Brasil por um período mínimo de 10 anos — e que ainda aceita participantes. Os padrões de alimentação delas serão analisados em associação com o risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, obesidade e vários tipos de câncer).


Uma outra pesquisa do tipo, feita com 100 mil participantes entre 2009 e 2017 pela Universidade de Paris, na França, e com contribuição da USP, demonstrou a relação do consumo de alimentos ultraprocessados com doenças que atingem um grande grupo de pessoas. O estudo apontou problemas no padrão de alimentação muito distante do que é o natural, um padrão em que a pessoa praticamente consome só comida tão processada em que você já não distingue o seu elemento original.


Vejamos por exemplo o alimento que forma um macarrão instantâneo. O que ele contém? Uma gordura hidrogenada, um óleo de palma, um monte de sal, glutamato de sódio que simula o gosto de proteína, de carne, o pozinho com aromas. O macronutriente lá não é mais o alimento original. Por outro lado, numa refeição preparada em uma panela, em uma cozinha padrão, você identifica o alimento original, pois ele está claramente presente, ainda que adicionado de temperos e outros ingredientes.

Vida moderna

A ciência já provou que verduras, legumes e frutas têm muitos fatores antioxidantes e isso vai levar a uma maior proteção do organismo e à melhora do sistema imunológico. Isso é importante porque, todo dia, células se dividem de forma errada no nosso organismo. Mas nem todo mundo vai ter câncer, porque o sistema imunológico nos protege. Mas um sistema imunológico comprometido não vai funcionar e isso está associado a uma dieta ruim, ao baixo consumo de frutas.


A vida moderna nos leva a consumir alimentos em formas mais calóricas e com menos fibras. Fibras levam mais tempo para mastigar. As pessoas comem em poucos minutos em frente ao computador, na frente da TV, ultraprocessados com altas calorias e muita gordura.


Mas as fibras estimulam o trato gastrointestinal, e promovem redução na absorção de gorduras. Se o seu intestino não funciona bem, você tem mais inflamação local, o que ocasiona risco maior de câncer do trato gastrointestinal. Para estabelecer a relação entre a "matéria escura" nutricional e potenciais tratamentos para doenças, a alimentação é talvez o fator mais simples e mais importante para modificar o risco de desenvolver câncer. É isso que nos encoraja a olhar com mais atenção o que comemos.


Fonte: BBC News

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