top of page

Blog Pratic

#Séries Pratic 51: O futuro da carne cultivada em laboratório



Há 12 mil anos, com a Primeira Revolução Agrícola — quando os seres humanos deixaram de depender do nomadismo para cultivar os próprios alimentos —, começou a aumentar, nas comunidades humanas, o consumo de alguns alimentos que até então eram consumidos com pouca frequência. Entre eles estava a carne, um item que se tornava mais abundante nos cardápios diários devido a novas técnicas de domesticação de animais.


A exemplo de muitos outros aspectos de nossas vidas, a alimentação também sofre forte impacto das mudanças tecnológicas (para se lembrar disso, basta ligar o micro-ondas para estourar um saco de pipocas, preparar um copo de leite em pó, ou simplesmente apanhar no armário um produto relativamente fresco graças ao acréscimo de aditivos industriais). Especificamente em relação às carnes, existem outras mudanças tecnológicas em curso, que prometem, mais uma vez, revolucionar a forma como nos relacionamos com esse alimento.


A carne cultivada é produzida a partir de células-tronco de músculo retirado por biópsia, portanto de um animal vivo, usando o soro fetal bovino como meio de cultura. As células-tronco podem se transformar em vários tipos de células e, neste caso, se diferenciam em células musculares. Essas células se ligam a uma armação que é colocada em biorreatores: tanques estéreis que fornecem calor, nutrientes e fatores para o crescimento para a produção de carne cultivada. Em outras palavras, é possível cultivar um hambúrguer sem precisar matar um boi.


Ainda que haja empresas do segmento anunciando que a carne cultivada estará disponível comercialmente em até cinco anos, previsões mais conservadoras mencionam o ano de 2050 como uma aposta mais certeira. Alguns dos desafios que ainda existem para chegar a esse estágio do processo são a capacidade ainda limitada de produção em larga escala (e, consequentemente, o preço elevado do produto final), a necessidade de novas normas de regulação governamental e a própria aceitação por parte do público consumidor.

Quanto custará a carne cultivada em laboratório?

Ainda é cedo para falar em preço, mas aposta-se que, se a carne que consumimos hoje já vem apresentando um preço elevado, aquela produzida em laboratório será ainda mais cara, ao menos por algum tempo.


O mercado para alimentos alternativos aos derivados cárneos, como os baseados em plantas, por exemplo, cresceu muito nos últimos anos. Isso para dizer que, havendo interesse econômico e investimento, é possível chegar rapidamente em produtos viáveis para produção em escala industrial. Mas ainda é difícil dizer se haverá interesse dos consumidores pela carne cultivada já que, por ser feita em laboratório, ela pode ser percebida por parte do público consumidor como um produto que vai na contramão dos orgânicos. Tudo vai depender de suas características sensoriais e nutricionais.


A perspectiva é que esse mercado emergente seja dominado por um pequeno número de empresas. Porém, ainda que a falta de ampla concorrência possa ter um impacto no preço, existem fatores positivos dessa hiperespecialização tecnológica, e um deles é a segurança dos alimentos.


Além da questão do custo ao produtor final, é necessário avaliar, também, questões logísticas e tecnológicas (que também têm relação com o custo repassado ao consumidor). O impacto econômico na cadeia de proteína animal será muito grande. A produção de carne em laboratório afetará desde o produtor até o abatedouro, além de toda a rede de fornecedores que abastece essa cadeia. Por isso, existe uma certa resistência, não só por parte dos consumidores, mas também da própria cadeia produtiva.


Fonte: Uniso

Comments


Destaques
Veja todos os posts
Siga a Pratic
  • Grey Facebook Icon
bottom of page